segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Propostas para um mundo pior

Um documento confidencial da ONU, que caiu nas mãos de repórteres do jornal inglês The Guardian, mostra que, levando-se em conta tudo o que foi prometido em termos de redução de emissões de CO2 pelos países que se reuniram em Copenhague, a temperatura média da Terra estaria em torno de 3ºC mais alta no fim desse século. Esse aumento, segundo os cientistas, teria consequências devastadoras para a vida no planeta.

“A não ser que os países se comprometam com ações mais ousadas antes e logo depois de 2020, as emissões globais vão atingir seu pico depois do que deveriam e colocar o mundo na direção de um futuro insustentável”, conclui o documento da ONU.

Segundo o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), esse aumento de 3ºC significa:

- Mais enchentes e tempestades;

- Aumento do risco de extinção para 30% das espécies do planeta;

- Alterações em ecossistemas;

- Aumento da mortalidade de corais;

- Tendência a queda de produtividade de grãos em certas partes do planeta;

- Vetores de doenças podem mudar de local e atingir áreas onde não ocorriam.

O documento da ONU, na verdade uma análise preliminar do que significam em termos reais as propostas de redução que estão na mesa de negociações em Copenhague, comprova que os governos, principalmente dos países desenvolvidos, não estão fazendo tudo o que devem para cumprir a promessa de manter o aumento médio da temperatura global abaixo dos 2ºC. Esse é um Climagate real, não um factóide.

O texto também sinaliza que as últimas 24 horas de conversas na capital dinamarquesa serão fundamentais para evitar que a COP 15 acabe em fracasso. “Este é o pedaço de papel mais importante no mundo hoje”, disse Kumi Naidoo, diretor executivo internacional do Greenpeace. “Ele mostra de forma contundente que o acordo do clima que está sendo costurado em Copenhague colocaria em risco a viabilidade da nossa civilização. Um aumento de 3ºC significa devastação na África e o possível colapso de ecossistemas do qual dependem bilhões de humanos.”

Naidoo lembra que esse documento deveria servir de alerta para os líderes mundiais. “Eles têm um dia apenas para reverter esse quadro, sob o risco de serem lembrados para sempre como as pessoas que enviaram o mundo rumo aos caos”, afirmou. Segundo os autores do estudo da ONU, finalizado às pressas no início da madrugada da última quarta-feira, seu objetivo era medir preliminarmente o efeito agregado das propostas de redução até 2020 e avaliar qual o impacto que elas poderiam ter daí para a frente.

A recomendação da ciência é que, para evitar a debate climática, o pico de emissões de CO2 deve acontecer entre os anos de 2015 e 2020 para, a partir daí, ir baixando até chegar a 50% menos, em 2050, em relação aos níveis atuais. Mesmo que os países consigam cumprir suas reduções no limite mais alto de suas propostas, ainda assim isso deixaria o mundo perigosamente próximo de uma catástrofe climática no fim deste século.

fonte: Greenpeace.org
12/2009

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